terça-feira, 28 de junho de 2011

Como se define a morte cerebral?

“Quando a pessoa está em morte cerebral, está morta”, explica Joaquim Cândido, neurologista do Hospital de São José, em Lisboa. Genericamente, diz-se que a pessoa está morta cerebralmente, mas em termos concretos o que ocorreu foi a morte do tronco cerebral, a parte que liga a espinal medula ao córtex, a região mais recente do cérebro, e que controla as funções vitais do organismo, como a respiração e o batimento cardíaco. Essa situação é irreversível. “Quando há recolha de órgãos e a pessoa é declarada morta, pode estar ligada à ventilação duas, três, quatro horas. O coração continua a bater, os pulmões continuam a funcionar artificialmente até se fazer a recolha.”


Como se avalia a morte cerebral?

É necessário fazer dois conjuntos de avaliações clínicas, intervaladas por algumas horas, para confirmar a morte do tronco cerebral, podendo recorrer-se, em caso de dúvida, a meios auxiliares de diagnóstico (como o electroencefalograma e a angiografia). Essas avaliações têm de ser feitas por dois médicos especialistas – neurologistas, neurocirurgiões ou especialistas em cuidados intensivos. Um deles tem de ser de fora da unidade onde a pessoa está internada.

Os exames clínicos vão desde estímulos com uma luz na córnea, até à colocação de soro gelado no ouvido e à verificação do reflexo da deglutição. Mas uma parte essencial destas provas prende-se com a respiração: “Uma das condições de morte do tronco cerebral é estes doentes estarem sempre ligados a ventiladores. Uma pessoa que respire espontaneamente não está em morte cerebral”, refere Joaquim Cândido.

Para confirmar a existência de lesões irreversíveis, há que determinar a sua causa, por exemplo se se deveram a um traumatismo crânio-encefálico, como aconteceu com Angélico Vieira, ou a um acidente vascular cerebral, uma vez que há medicamentos e substâncias tóxicas cujos efeitos simulam a morte do tronco cerebral. A temperatura corporal também não pode estar abaixo dos 34 graus Celsius. “Com temperaturas baixas, muitas actividades desaparecem, mas voltam quando sobe”, refere o neurologista.

O que é o estado vegetativo?

Um doente em estado vegetativo está vivo, pois tem em funcionamento uma parte do tronco cerebral e mantém alguma autonomia de vida. Esta situação não tem assim nada a ver com a morte cerebral, sublinha Joaquim Cândido.

Fonte:Público

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