quinta-feira, 23 de junho de 2011

Entre as melhores


Kimberly Brandão (27 anos) está a cumprir o sonho de uma vida. A internacional portuguesa – 27 jogos e um golo apontado – estreou-se, esta época, na principal Liga profissional norte-americana, a WPS, fazendo parte daquela que é considerada como a equipa mais forte do Mundo da actualidade.

No Western New York Flash, Kimberly é colega, por exemplo, de Marta – vencedora das últimas cinco edições da Bola de Ouro da FIFA – e o facto de estar a jogar com as mais talentosas atletas tem ajudado a defesa central lusa a melhorar ainda mais as suas capacidades.

O fpf.pt aproveitou o mês de paragem da WPS (em função da realização da fase final do Campeonato do Mundo, que arranca no próximo sábado) para falar com Kimberly Brandão e perceber como está a correr esta enorme aventura.

fpf.pt: Como é que surgiu a oportunidade de jogar pelo Western New York Flash?
Kimberly Brandão: Depois de ter jogado nas ligas profissionais da Suécia (2007) e de Espanha (2008), transferi-me para o Buffalo Flash, da USL W-League, o segundo escalão feminino americano. Estava numa equipa profissional que actuava numa competição semi-profissional e fui capitã em 2009 e 2010, ano em que nos sagrámos campeãs. Quando fui para Buffalo sabia que a equipa pretendia, no prazo de dois anos, atingir a principal liga americana, a WPS. Essa era uma aspiração que tinha que acabou por se concretizar e fiquei ainda mais feliz quando a equipa – que foi “rebaptizada” como Western New York Flash, jogando as suas partidas em Rochester – assinou contrato com algumas das melhores jogadoras do Mundo, como a Marta. Assinei o meu primeiro contrato na WPS em Março e senti que os meus dois anos de lealdade ao clube e à W-League foram recompensados.

fpf.pt: Como tem corrido a experiência até agora?
Kimberly Brandão: As coisas têm corrido bem. Já fui titular em duas partidas (em nove encontros disputados) e o clube está no primeiro lugar da WPS. Os adeptos e, mesmo, os “media” consideram que o Wester New York Flash é, não só a equipa mais forte do Mundo, mas também a mais talentosa de sempre do campeonato profissional norte-americano. Até ao último domingo, seguíamos invencíveis na Liga, mas perdemos em Philadelphia, num jogo em que não contámos com cinco “jogadoras-chave”. Actuei uma partida como lateral direita e uma outra na minha posição natural, como central, e penso que respondi bem, de tal forma que fiz uma assistência para golo no meu jogo de estreia. O Western New York Flash tem quatro defesas centrais e estou a disputar a titularidade diante de jogadoras titulares das selecções do Canadá e dos Estados Unidos, bem como uma atleta que actuou durante quatro anos na Bundesliga alemã. Como tal, a concorrência é de altíssimo nível. Isso dá-me um enorme prazer e tenho ganho muita confiança. Espero fazer ainda mais jogos durante esta época.

fpf.pt: Como tem sido jogar com algumas das melhores jogadoras do Mundo? Tem alguma companheira como ídolo?
Kimberly Brandão: Bem, o meu ídolo no futebol era a Mia Hamm, mas ela já não joga. Tive o prazer de defrontá-la (marquei-a individualmente) no jogo “USA Hall of Fame”, há uns anos atrás, e foi uma sensação realmente especial, até porque no meu quarto tinha um poster da Mia Hamm. Neste momento, diria que a Marta e a Christine Sinclair são as principais estrelas do Western New York Flash, por aquilo que representam no futebol feminino mundial. São duas excelentes pessoas, duas grandes atletas e fontes de inspiração. Penso que todas as 24 jogadoras do nosso plantel têm muita qualidade e acrescentam algo à equipa. Tenho muito orgulho por ser uma das duas jogadoras da equipa que se mantiveram ao longo destes últimos três anos.

fpf.pt: Sentiu muitas diferenças quando começou a jogar na principal liga norte-americana?
Kimberly Brandão: A principal diferença reside na qualidade das jogadoras que estão na W- League. Os jogos tornam-se, assim, mais rápidos e agradáveis, porque o talento das atletas é superior. Para mim também é muito positivo, uma vez que permite melhorar o meu jogo. Durante os treinos, tenho sido sistematicamente chamada a marcar a Marta e isso deixa-me em forma.

fpf.pt: Que sonhos ainda tem para a sua carreira?
Kimberly Brandão: Na verdade, ainda tenho alguns sonhos, nomeadamente qualificar Portugal para a fase final de uma grande competição – Campeonato da Europa ou do Mundo –, ter uma longa e bem sucedida carreira com a Camisola da Selecção, ajudar ao crescimento do Futebol Feminino em Portugal, abrir caminho à entrada de mais jogadoras portuguesas nas ligas profissionais, ter uma longa carreira na WPS, sagrando-me campeã, e, mais tarde, chegar ao comando técnico de uma equipa de topo (actualmente sou treinadora-adjunta da Universidade de Buffalo).

fpf.pt: O que representa para a Kimberly jogar pela Selecção Nacional?
Kimberly Brandão: Significa tudo! Representa muito e deixa-me verdadeiramente feliz. Além disso, a minha família fica igualmente orgulhosa. Os meus pais nasceram em Portugal e partiram para os Estados Unidos, mas transmitiram-me (a mim e aos meus irmãos) as tradições e a cultura portuguesa, pelo que foi um momento muito especial quando me estreei como internacional pelo meu “país de sangue”. Fui muito bem recebida pelas minhas companheiras e pelo restante “staff” da nossa Selecção e estarei para sempre grata por esse acolhimento. A Mónica Jorge tem sido uma grande treinadora e tenho gostado muito de trabalhar com ela. Estou, também, muito feliz pelo rumo que a Selecção Nacional tem tomado nos últimos anos e sinto-me muito honrada por jogar por Portugal.

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